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André Costa Jorge. “É preciso olhar para a imigração não apenas numa lógica restritiva”

O diretor-geral do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) considera, esta segunda-feira, que Portugal não é um país atrativo para imigrantes qualificados, o que considera “merecer debate” na sociedade.

À Renascença, André Costa Jorge recorda que “os imigrantes ganham substancialmente menos do que os nativos” e “trabalham em profissões que requerem qualificações baixas” apesar de terem, em alguns casos, formação superior no país de origem.

“Se juntarmos estes fatores com as dificuldades na rede consular e no sistema burocrático, a que se junta a restrição feita politicamente pelo governo, o resultado é uma diminuição do fluxo de imigração para Portugal”, conclui, ao reagir ao relatório da OCDE, que revela uma descida de 2% no número de imigrantes e ao mesmo tempo uma subida de 9% nas entradas para trabalho no nosso país.

Costa Jorge salienta que “Portugal é um dos países com a menor taxa de natalidade” e, por esse motivo, “é necessário que os políticos e toda a sociedade perceba que é necessário, para criar riqueza, elevar a qualidade dos recursos humanos”. “E isso passa também por ser capaz de atrair também imigrantes qualificados”, assegura.

“É preciso criar, no olhar para a imigração, não apenas uma lógica restritiva, mas uma lógica dinâmica”.

O responsável do JRS acrescenta que existe um “mercado competitivo” na procura por imigrantes qualificados, estando outros países “a fazer a sua parte no que diz respeito a serem mais atrativos para a mão de obra qualificada disponível”. Em sentido contrário, “ainda há muito a fazer” em Portugal “no âmbito da captação e também aproveitamento da imigração qualificada”.

Noutro prisma, André Costa Jorge lamenta que continue alto o número de jovens portugueses que saem para o estrangeiro, facto que não tem gerado “o mesmo tipo de debate” que a imigração.

“Há uma pouca vontade política de abordar esta matéria, mas também alguma falta de atenção por parte da comunicação social. Este relatório da OCDE e outros relatórios devem ser tidos em conta quando se definem políticas públicas”, remata.

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