Violência no Rio reflete fragilidade das instituições brasileiras

Para Luciano Nakabashi, o avanço das facções e a falta de oportunidades exigem reformas estruturais e políticas de longo prazo
Publicado: 05/11/2025 às 7:41
A partir da chacina ocorrida dias atrás no Rio de Janeiro, o professor Luciano Nakabashi reflete sobre a violência no Brasil, que ele atribui a uma questão, sobretudo, institucional. “Quando a gente olha essa questão do surgimento dessas facções, que elas vão ocupando espaços que são deixados ali pelo Estado, significa que o Estado não age em todo o território brasileiro. Esse é um ponto. Essas facções, hoje, também estão em associação, em muitos momentos, com as forças do Estado, com a polícia, com políticos, com forças que representam o Estado e atividades legais”, diz ele, referindo-se ao fato de que hoje as facções criminosas estão envolvidas em atividades legais: “É uma situação bastante complexa, onde o surgimento das facções ocorre nesse vácuo do Estado, na fraqueza das instituições, e acaba também entrando e se relacionando com as forças do Estado que estão relacionadas com a fraqueza das instituições no Brasil”.
Por outro lado, o tráfico atrai para suas fileiras justamente as pessoas pobres e que veem nessa atividade ilícita uma oportunidade de obter renda e status. “Isso historicamente, desde o período da colonização”, observa Nakabashi, para quem a situação é complexa: “São situações que vão ocorrer de tempos em tempos, se a gente não começar a resolver as questões que estão na raiz desse tipo de problema e que passam por uma melhor qualidade das instituições. Você tem que melhorar a qualidade das instituições, das instituições que fiscalizam e que punem, agentes de estados, por exemplo, em atos de corrupção, em atos de associação com as facções e o próprio Estado, enfraquecendo o poder dessas facções. Seja por meio de uma ação mais adequada dos presídios, que também não têm feito seu papel. Então, tem que mudar o papel dos presídios e com políticas em que você dê mais oportunidades para as pessoas mais pobres, instituições que funcionem para a população de uma forma geral e para a população mais pobre, para que elas tenham mais oportunidades de trabalho”.
Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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