Um pequeno recital de Arrascaeta e um grande salto rumo ao 9º título brasileiro

Se aconteceu com Paul McCartney e Avril Lavigne, é possível que tenha acontecido também com o Flamengo da última quarta-feira, aquele time disperso e fanfarrão, que morreu e foi substituído por uma equipe rubro-negra organizada, dominante e ciente que está disputando uma reta final de Brasileirão com briga por título e não um amistoso de final de ano entre amigos do Eri Johnson e conhecidos do Wesley Safadão.
E isso começou com a mudança na defesa, com Danilo e Léo Pereira garantindo segurança na zaga, Varela passando mais confiança numa lateral e Alex Sandro dando a sua já famosa aula de profissionalismo na outra. Tomamos menos sustos, a meta não foi vazada, Rossi sabia que se fizesse palhaçada ia ter veterano de seleção brasileira ali pra dar porrada nele.
O meio contou, desde o começo, com Jorginho, que não é nem um volante e nem um meia, mas sim um diplomata da bola, um adido cultural do esporte, um embaixador plenipotenciário que media as relações entre nossa defesa e nosso ataque como quem negocia a paz entre duas nações que, juntas, fazem gols na equipe do Red Bull Bragantino. Com ele por perto a vida é mais bonita, o sol brilha mais forte, as plantas crescem mais verdes e Evertton Araujo se torna o Patrick Vieira.
Mas não podemos falar da armação rubro-negra sem falar dele, claro: Arrascaeta. Mais confortável com a camisa 10 rubro-negra do que muitas pessoas são com os próprios pijamas, o uruguaio não para de nos lembrar porque já se tornou um ídolo histórico rubro-negro, marcando um gol com corte humilhante no zagueiro e oferecendo uma assistência exuberante, numa atuação que com certeza garantiu mais dois Giorgianzinhos pra próxima pesquisa de nomes do IBGE.
E ainda que o ataque não tenha sido só flores, com Carrascal apagado e mais uma atuação absolutamente miserável de Plata, que só vem recebendo notas altas no Sofascore das baladas cariocas, é preciso dar crédito primeiro a Cebolinha, que vem se colocando como um sério candidato a vaga de titular na final da Libertadores, não apenas pela velocidade e ousadia, que garantiram um pênalti neste sábado, mas também por fazer algo que seu rival direto pela vaga, Samuel Lino, não faz, que é chutar no gol. Parece besteira, mas o chute é sim importante no futebol.
Por fim, temos que citar o sempre predestinado Bruno Henrique, que entrou no intervalo e ajudou a mudar o rumo da partida, não só pela sua qualidade mas pelo simples fato de que ele, ao contrário de Gonzalo Plata, não errou tudo que tentou. E claro, crédito para Filipe Luís, que parece estar aprendendo que não é necessário esperar até os 20 do segundo tempo para fazer alterações na equipe e o treinador tem sim a prerrogativa de mexer no time quando quiser.
O resultado dessa combinação foi simples. Uma vitória segura e tranquila e quatro pontos de vantagem faltando 3 jogos para o final do Brasileirão, um cenário que ainda não garante nada, mas permite sonhos gostosos como, quem sabe, decidir a Libertadores já com a nona taça de campeão brasileiro garantida para a Gávea. Não é um objetivo fácil ou provável, mas quando esse time do Flamengo joga o que sabe, não parece ser tão impossível.




