Nem Papuda nem Exército: prisão de Bolsonaro na PF alivia governo

A decisão do ministro Alexandre de Moraes de determinar que Jair Bolsonaro fosse preso preventivamente na Superintendência da Polícia Federal em Brasília tranquilizou o governo, que vinha há alguns dias monitorando a possibilidade de cumprimento definitivo da pena pelo ex-presidente e temia que Alexandre de Moraes determinasse que ele se desse em instalações do Exército.
A apreensão no entorno de Lula era que, caso a decisão fosse nesse sentido, haveria um novo momento de tensionamento das relações entre as Forças Armadas e o governo, quebrando o atual momento, descrito como de normalidade institucional, sobretudo com o Exército
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Além disso, o entorno do presidente levava em consideração o risco de que a presença de Bolsonaro em instalações militares suscitasse a retomada de acampamentos em QGs do Exército na capital federal e Brasil afora.
A eventual prisão de Bolsonaro na Papuda também não era tida como cenário ideal pelos aliados de Lula, uma vez que daria discurso à direita de que o ex-presidente é vítima de perseguição, dado que o próprio petista, quando foi preso pela Lava Jato, teve direito a prisão especial na PF, em Curitiba.
Agora, raciocinam esses aliados de Lula, será mais difícil para Moraes remover Bolsonaro para a Papuda quando chegar o cumprimento definitivo da pena, uma vez que ele já estará instalado na PF. Como os indícios de tentativa de fuga atrapalharam a concessão de uma prisão domiciliar humanitária, ao menos na largada do cumprimento da pena, a manutenção da PF como local para a prisão de Bolsonaro é vista como um “meio do caminho” que diluiria as alegações de que ele é vítima de perseguição por parte do STF.




