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Tentação e frustração: O que jogadores da Premier League pensam sobre jogar no Natal

Para a maioria dos jogadores profissionais no futebol inglês, o Natal nunca foi sinônimo de folga — e não só na Premier League. Treinar no dia 25 de dezembro e jogar no Boxing Day faz parte da rotina há décadas e é tratado como trabalho, não exceção.

“Para um jogador da Premier League, todo dia é dia de Natal.” A frase, atribuída por Robbie Savage ao ex-treinador do Leicester City Martin O’Neill, resume bem a mentalidade exigida em um calendário que não para no fim do ano.

Mesmo com apenas um jogo da Premier League marcado para o dia 26 de dezembro nesta temporada, as divisões inferiores mantêm rodadas completas. Para os atletas, isso significa treinos, controle alimentar e foco total enquanto o restante do país celebra. Mas, afinal, o que os jogadores pensam disso?

A rotina do jogador no Natal inglês

“Desde jovens, fomos condicionados a aceitar que treinaríamos no dia de Natal”, conta Scott Minto, ex-meio-campista de Chelsea, Benfica e West Ham, ao site inglês “The Athletic”. “Era normal. Geralmente era uma sessão mais leve, mas fazia parte do processo.”

Para alguns, havia até aspectos positivos. “Eu gostava de treinar no dia de Natal”, relembra Steve Walsh, ex-capitão do Leicester. “Era cerca de uma hora de trabalho e depois voltávamos para casa para o almoço. No dia seguinte, refeição pré-jogo e partida.”

Diogo Jota comemora gol no Boxing Day de 2023 (Foto: Imago)

Em jogos fora de casa, o cenário era menos agradável. A distância da família foi o ponto de maior incômodo em relação às rodadas no feriado:

“Viajávamos no fim da tarde e passávamos a noite de Natal em um hotel, longe da família. Era simplesmente o que fazíamos.”

Para Gerry Taggart, ex-zagueiro do Leicester e do Barnsley, o Natal não tinha mais o peso emocional das comemorações de antes:

“Era praticamente uma nulidade. Você reorganizava o dia e tratava como qualquer outro na preparação para o jogo.”

Ele também lembra com desconforto das viagens longas no Boxing Day, outro incômodo. “Tivemos um Barnsley x Plymouth, a mais de 400 km. Saímos às 17h e chegamos às 22h. Não era preparação ideal.”

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Profissionalismo acima da tentação

A tentação de exagerar existia, mas tinha consequências. “Se alguém exagerasse, isso aparecia no jogo”, diz Taggart. Sob treinadores mais rígidos, a margem era mínima.

Pep Guardiola, por exemplo, afirmou que pesaria os jogadores do Manchester City. Alex McLeish, ex-zagueiro do Aberdeen, lembra que sob Sir Alex Ferguson não havia espaço para desvios:

“Ele proibia álcool três dias antes de um jogo. Se alguém testasse os limites, estava fora.”

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— Premier League USA (@PLinUSA) December 24, 2025

A cultura mudou com a chegada de treinadores estrangeiros nos anos 1990. “Perto do fim da minha carreira, eu tomava uma taça de vinho no jantar de Natal”, conta Minto. “Vi jogadores como Vialli e Zola fazendo o mesmo. Se isso te deixa confortável mentalmente, não vejo problema.”

Dieta controlada e sacrifícios

O prato principal raramente fugia do padrão: peru magro e vegetais. O problema eram as sobremesas — e a quantidade. Steve Howard, que atuou por 18 anos no futebol inglês, lembrou a tentação de querer comer mais, mas não poder.

“Eu abria os presentes com meus filhos, ia treinar e depois só beliscava o jantar. Você queria comer mais, mas sabia que não podia.”

Taggart adotava outra estratégia. “Eu cuidava mais da dieta nos dias anteriores para ter margem no Natal.” Mesmo após pendurar as chuteiras, o impacto permanece. “Como treinador, você até participa do jantar, mas sem exageros”, diz McLeish.

“Lembro de um Natal em Birmingham em que viajamos e o jogo acabou adiado. Foi frustrante“, conta o ex-zagueiro do Aberdeen.

Guardiola e Haaland no Natal de 2024 (Foto: Imago)

Howard admite que o primeiro Boxing Day aposentado foi estranho — estava tão acostumado a recusar comidas e bebidas que “esqueceu” que podia:

“Minha esposa ofereceu uma taça de vinho e eu recusei por reflexo. Depois percebi que não jogaria no dia seguinte e tomei a garrafa inteira.”

Hoje, com uma filha pequena, ele valoriza o tempo em casa. Mas a conclusão segue a mesma para quem ainda está em atividade.

“O dia de Natal para um jogador de futebol é como qualquer outro. Nós estamos indo trabalhar.”

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