“Irlanda vai defender, ‘low block’”. Mickey Walsh brilhou e vive em Portugal, mas será sempre um “boy in green”

É irlandês, nascido em Chorley. Marcou 51 golos na Liga portuguesa. Representou FC Porto, Salgueiros, Sporting de Espinho e Rio Ave, em quase 190 partidas feitas em Portugal. Gostou tanto do país que ficou, na zona de Miramar. Mas na antecâmara do Irlanda-Portugal, Mickey Walsh sabe bem para que lado pende o coração.
Já segue a Bola Branca no WhatsApp? É só clicar aqui
“Obviamente eu quero que a Irlanda ganhe, mas as coisas não são assim. Portugal é a equipa mais forte, com melhores jogadores. Mas a Irlanda tem um bom espírito de jogadores e de equipa. Eles vão lutar, vão defender em ‘low block’ [bloco baixo], como se diz em Inglaterra. ‘Low block’, ‘low block’. Vão defender e tentar lançar no contra-ataque e em bolas paradas. Mas vai ser difícil anular os grandes craques da equipa de Portugal”, comenta sobre os “boys in green”, em conversa com Bola Branca.
Mickey Walsh imortalizou o nome nos corações do FCP orto, com dois campeonatos, duas Supertaças e uma Taça de Portugal. Agora com 71 anos, vive em solo português: “Já tenho casa aqui há 45 anos. Só saí há muitos anos, quando os filhos foram para a escola. Só voltei para Portugal, para viver permanentemente, quando eles foram para a universidade.”
Mickey fala com Bola Branca em português e quase nem arranha na pronúncia. E apesar de o coração bater pela Irlanda, o antigo ponta de lança dá conselhos a Portugal.
Coisa que tem faltado, precisamente, às seleções da Irlanda é alguém que marque golos.
“A equipa é boa. Mas falta aquele jogador de meio-campo criativo e o goleador. O problema é esse. A Irlanda é sólida atrás, defende bem, mas tem dificuldades em marcar. Marcar é a coisa mais difícil no futebol”, diz, recusando que faça falta um tal de… Mickey Walsh: “Não sei se falta o Mickey Walsh. Falta talvez o Niall Quinn ou o Robbie Keane. Esses jogadores eram grandes goleadores, grandes pontas de lança.”
“O país está todo a apoiar a Irlanda”
Ainda assim, continua até ao fim a esperança de voltar a ver a República da Irlanda no Campeonato do Mundo.
“Seria muito bom. Parece muito difícil, mas os jogadores têm de acreditar em si. O país está todo a apoiar a Irlanda. E vão tentar o melhor possível para passar. Para ganhar, ou pelo menos empatar. Depois vamos à Hungria para a semana e tentamos ganhar. Nunca se sabe, nunca se sabe”, atira.
Para isso, é preciso, primeiro, fazer boa figura frente a Portugal e, como dizia Mickey, arrancar pelo menos um empate para continuar a sonhar. A seleção nacional nunca venceu na Irlanda e o histórico joga a favor dos britânicos.
“É uma atmosfera muito intensa. Os adeptos são muito apaixonados pela sua equipa, pelo seu país. O estádio vai estar cheio, os bilhetes estão todos vendidos. E são 50 e tal mil pessoas, quase todas a gritarem pela equipa da casa”, explica Mickey.
Em conversa com Bola Branca, o ex-avançado relembra ainda os tempos de FC Porto. Vivendo perto da Invicta, fica mais fácil não esquecer o clube onde mais se notabilizou.
Mas mesmo que a distância imperasse, nada impediria Mickey Walsh de acompanhar os dragões: “Os sinais são muito bons. A equipa é bastante nova, tem muita energia, e estão a fazer bons resultados. Eu vi todos os jogos na televisão. Até fui convidado para ir a Nottingham, mas não podia ir. Foi o único jogo que perdemos, mas tivemos azar, jogámos bem em Nottingham também. Mas eu estou com boas esperanças nesta época, porque estão a ganhar quase todos os jogos.”
O Irlanda-Portugal está marcado para as 19h45 desta quinta-feira, em Dublin. Tem relato e acompanhamento na Renascença.




